Este ano marca o 40º aniversário da política de Reforma e Abertura da China, estabelecida em 1978. A adesão da China à reforma econômica e aos princípios de livre mercado impulsionou o crescimento sem precedentes dos negócios e da indústria desde aquela época, garantindo firmemente a posição de segunda maior economia do mundo.
À luz da ascensão da economia da China, várias empresas globais de biotecnologia – como a dinamarquesa Novo Nordisk – logo começaram a marcar presença no país. Com base nesse alicerce, a biotecnologia começou a crescer a uma taxa explosiva na China nos últimos anos. De fato, a previsão é de que a indústria de biotecnologia chinesa ultrapasse 4% do PIB até 2020.
Por que a biotecnologia está apostando alto na China? Aqui, exploramos três fatores que impulsionam o recente boom da biotecnologia no país e o que isso significa para quem busca capitalizar sobre esse crescimento.
Estratégia nacional de inovação que atrai os melhores talentos
Há dez anos, talvez um especialista em biotecnologia chinês tivesse que procurar oportunidades de carreira internacional. Mas hoje, programas governamentais pujantes e uma onda de investimentos empresariais criaram mais incentivos do que nunca para os melhores talentos desenvolverem sua carreira na China.
O governo chinês priorizou a transformação do país de uma economia manufatureira para uma economia impulsionada pela inovação, ao desenvolver planos estratégicos nacionais de cinco anos que estabelecem metas econômicas e de crescimento. O plano mais recente, que define como foco especial a indústria de biotecnologia, descreve o desenvolvimento de 10 a 20 parques de biomedicina de ciências da vida com uma produção superior a US$ 1,5 bilhão até 2020. Isso se soma aos 100 parques de ciências da vida já estabelecidos em todo o país, bem como aos US$ 100 bilhões em investimentos governamentais dedicados à inovação.
O Plano mil talentos do governo – que incentiva cientistas, acadêmicos e empresários chineses que vivem no exterior a retornar à China – recrutou 7.000 especialistas desde 2008, com 1.400 deles recrutados especificamente pelo comitê de ciências da vida para biotecnologia.
O governo também investiu pesado para melhorar o ambiente de propriedade intelectual na China. O Escritório Estatal de Propriedade Intelectual (SIPO), o escritório de patentes da China, recebeu recursos adicionais para atender ao crescente volume de pedidos de patentes e implementou um processo de análise acelerado. Em 2007, o SIPO contava com 2.672 examinadores dedicados à análise de patentes; em 2017, esse número havia crescido para mais de 11.500 (Relatórios Anuais do SIPO, 2007 e 2017). O SIPO também oferece benefícios atraentes para pedidos de patentes de alta demanda, como cobertura de taxas de depósito e concessão de incentivos fiscais e recompensas monetárias.
Além do governo, fundos de capital de risco e private equity chineses captaram US$ 45 bilhões para ciências da vida em dois anos e meio, o que contribuiu para o desenvolvimento da florescente cultura de startups de biotecnologia da China.
Como resultado de todos esses fatores que impulsionam a inovação, os pedidos de patentes dispararam – com mais de 50.000 pedidos de patentes de biotecnologia em 2017, contra menos de 20.000 em 2010. Alguns campos que lideram esse crescimento são produtos naturais, produtos biológicos e bioinformática.
Demanda por novos tratamentos, o que cria um mercado atraente
De acordo com as Nações Unidas, a população da China está envelhecendo mais rapidamente do que a de qualquer outro país no mundo. Este fato, juntamente com a mudança de estilos de vida e preocupações ambientais, está aumentando as taxas de doenças críticas e crônicas. Por exemplo, 36% dos diagnósticos de câncer de pulmão do mundo vêm da China, mas a taxa de sobrevivência de câncer de pulmão em cinco anos é atualmente 17% mais baixa que a média global.
Esse cenário de mercado cria uma demanda crescente por tratamentos médicos pioneiros e os investidores estão se voltando para os cientistas chineses para desenvolver soluções que possam não apenas ser vendidas na China, mas também aprimorar o tratamento em todo o mundo.
As principais empresas farmacêuticas do ocidente também percebem esse movimento e estão estudando maneiras de reforçar sua presença na China à medida que os investidores domésticos ganham participação de mercado. Muitos líderes globais estão abrindo centros de pesquisa na China e outros articulando pactos de cooperação em pesquisa com instituições chinesas.
Abordagem globalizada dos regulamentos que facilitam a entrada no mercado
Em março de 2018, a China Food and Drug Administration (CFDA) anunciou que se fundiria com outros órgãos administrativos para formar uma administração nacional de supervisão de mercado. Como parte da reestruturação, está sendo criada uma nova entidade cujo foco principal será em tecnologias médicas. Espera-se que isso traga maior eficiência e consistência à regulamentação de produtos farmacêuticos e médicos na China.
Além disso, em abril de 2018, o governo lançou iniciativas para apoiar a pesquisa e o desenvolvimento de medicamentos genéricos como meio de promover a inovação e fornecer opções de tratamento mais acessíveis aos pacientes chineses. Dentre as iniciativas estão a concessão de bolsas de pesquisa, bem como agilização do processo de revisão e aprovação de medicamentos genéricos baseados em medicamentos de marca com licenças compulsórias.
Esses esforços são os mais recentes de uma série de reformas destinadas a simplificar o processo regulatório da China para se alinhar aos padrões internacionais. Em agosto passado, por exemplo, a CFDA anunciou que se juntou à ICH, uma federação global de reguladores de medicamentos que busca harmonizar os regulamentos de tecnologia em saúde. Também anunciou que permitiria que dados de ensaios clínicos realizados fora da China fossem admitidos como parte de registros regulatórios, uma medida que acelera novos tratamentos do laboratório para a clínica. No geral, esses esforços para simplificar os processos regulatórios da China e torná-los mais alinhados aos que vêm do exterior facilitam a entrada no mercado chinês para investidores domésticos e estrangeiros e também facilitam para as empresas chinesas comercializarem suas inovações internacionalmente.
Estes desenvolvimentos, juntamente com a impressionante taxa de crescimento, demonstram claramente que a China está se estabelecendo rapidamente como o centro oriental de inovação em biotecnologia. As organizações que buscam oportunidades de crescimento em biotecnologia certamente devem ter a China em seu radar. No entanto, uma estratégia bem-sucedida de crescimento em qualquer setor da indústria na China requer uma compreensão profunda do mercado e do cenário de propriedade intelectual, bem como de fatores governamentais e culturais.
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